DEUS É A RESPOSTA


É próprio do ser humano questionar-se de situações existenciais como: Qual a nossa origem? Qual a finalidade da vida? Como explicar a presença do mal, do sofrimento e a inevitabilidade da morte?

Nem sempre encontramos as respostas suficientes para essas questões, mas o importante é sempre estarmos à procura delas.

Hoje em dia, há milhões de homens que são tentados a perder a própria razão e esperança de viver por estarem privados das condições materiais mínimas de existência. A fome, a indigência imposta pelas condições injustas da vida social, a falta de trabalho, inexistência de recursos mínimos de educação, de assistência médica e social levam pessoas, tanto em países ricos como pobres, a desconhecerem o significado da própria existência. Se elas perdem o significado de sua própria existência, imagine como elas vão ver a vida dos outros. Daí os assassinatos, estupros, pois ao perderem a razão existencial da vida vivem como animais.

Várias pesquisas têm demonstrado que é mais angustiante par o homem moderno, especialmente para os jovens, a crise provocada pela falta de sentido e de significado da vida, o sentimento de vazio, do que a carência ou dificuldades para a consecução de outros bens. O vazio existencial mostrou-se bastante evidente em um levantamento feito entre cem alunos de Harvard, todos eles proveniente de família abastadas: uma quarta parte desses alunos duvidava que suas vidas tivessem algum sentido. As revistas psiquiátricas informaram que esse mesmo fenômeno ocorria em todos os países socialistas europeus.

Sem dúvida, conflitos de valores ou “frustração existencial” podem levar o indivíduo às neuroses,
vindo a depressão, a ansiedade e a síndrome do pânico.

A procura de sentido para o homem é uma força primária na sua vida. Este é capaz de viver e até mesmo de morrer por causa de seus ideais e valores.

A profunda experiência de Victor (psicanalista), no campo de concentração de Auschwitz, levou-o a ter como certo que cada pessoa é um ser único, que pode reter uma ultima reserva de liberdade para tomar uma posição, ao menos, interior, mesmo sob as mais adversas circunstâncias. Nesta profunda dimensão do seu eu, nós sabemos que “não apenas somos, mas a cada momento devemos decidir o que seremos”. Quando somos despojados de tudo o que temos, como família, amigos, influência, status e bens ninguém pode nos tirar a liberdade de tomar a decisão do que devemos nos tornar. Esta liberdade não é algo que possuímos, mas algo que somos. Por isso mesmo, todo homem tem o poder e a liberdade de elevar-se acima do seu próprio “eu” e tornar-se um ser humano melhor.
Temos a capacidade de transformar nossas vidas para algo melhor e diferente, só necessitamos de dar o nosso sim, para nossa consciência e também para Deus. A renovação total do homem, no entanto, é difícil, trabalhosa e dolorosa, pois acontece sempre após a perda de valores que ele achava importantes, como fracassos financeiros, de relacionamento, de entes queridos, ou frustrações com idéias não alcançadas.  É fundamental, a certeza de ter a básica motivação para viver, o encontro de um significado e não buscar satisfações, poder ou riquezas materiais, que podem apenas contribuir nosso bem-estar, mas não simplesmente meios utilizados para atingir um fim, quando usados formas significativa.

Devemos usufruir os bens materiais que Deus nos deu, nunca os ter como a principal razão da existência. Conheci pessoas com sentido de vida focado apenas no dinheiro e bens materiais, que, após um desastre econômico, entraram em crises depressivas intensas, por não terem consistência espiritual necessária para entender os momentos que estavam passando.

Devemos estar convictos de que, além de nossas dimensões físicas e psicológicas, possuímos uma espiritual, noética, especificamente humana (espiritual, não no sentido religioso, mas no de a vida mental ou intelectual que supõe a existência de um princípio de ação transcendente à materialidade do ser). Como oportunamente explica Joseph Fabri, o homem, na sua integralidade, compreende as três dimensões, mas é a dimensão propriamente humana que ele permitirá à pessoa transcender a si mesma e fazer dos significados e valores uma parte fundamental da sua existência. Nesse sentido, cada pessoa é um ser único, vivendo através de infinitos momentos únicos e insubstituíveis, cada um deles oferecendo um significado em potencial (isto é, aberto também para o futuro). Se reconhecermos este potencial e formos capazes de corresponder a ele, nossa vida terá um sentido e a conduziremos de forma responsável. Para Victor Frankl, unicamente quando nos elevamos à dimensão do espírito (mente) tornamo-nos um ser completo. A dimensão humana é a dimensão da liberdade: na aquela proveniente das condições, quer biológicas, psicológicas ou sociológicas (liberdade de alguma coisa), mas sim a possibilidade de tomarmos atitudes de acordo com as nossas necessidades (liberdade para alguma coisa). Somente nos tornaremos seres humanos completos quando atingirmos esta dimensão de liberdade.

Somos prisioneiros da dimensão do corpo. Somos conduzidos pela dimensão psíquico-afetiva, mas na dimensão do espírito somos livres. Nós não apenas existimos, mas podemos exercer influência sobre a nossa existência. Podemos não só decidir sobre que espécie de pessoas somos, mas que espécie de pessoa poderemos vir a ser. Dentro desta dimensão noética somos nós que fazemos a escolha. Ignorar a dimensão espiritual é reducionismo, e aí está a origem do mal estar, da sensação de vazio e de que a vida está desprovida de significado.

Existe em nós uma dimensão espiritual, que faz parte da integralidade do ser humano, se a ignorarmos, estaremos esquecendo de uma parte nossa. Essa inteligência espiritual é a responsável pela enorme necessidade que o ser humano tem em ter o seu lado transcendental sempre ativo. Desde os mais remotos tempos da humanidade nota-se q procura de um ser superior, o Sol para os egípcios, incas etc., isto é, para sua existência o homem precisa que exista Deus.

Se as pessoas não enfocarem seus objetivos e sentidos da dimensão noética, ficarão expostas às decepções da vida, podendo ter enormes conseqüências psíquicas e físicas. Por isso é que acredito que a maior causa da depressão, e a principal razão do aumento dessa doença, dos dias de hoje, é a falta de Deus na vida das pessoas. No momento em que somente existam valores materiais como únicos objetivos do homem, não existindo a razão transcendental para viver, poderemos estar construindo casa em cima de alicerces de areia, que qualquer tempestade pode derrubar.

Termino lembrando o que Paulo ouviu do Senhor:

“Basta-te a minha Graça”

Pe. Valter Paixão

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