O Portal RCCBRASIL traz, desde a última semana, em sua seção
de Formação um especial da Jornada Mundial da Juventude 2011, realizada em
Madri, Espanha. Estão sendo publicadas as mensagens do Santo Padre, o papa
Bento XVI, durante os atos centrais do evento que reuniu milhões de jovens na
capital espanhola.
O seguinte texto mostra a mensagem proclamada pelo papa após
a celebração da Via Sacra.
Queridos jovens!
Com piedade e fervor, celebramos esta Via-Sacra,
acompanhando Cristo na sua Paixão e Morte. As reflexões das Irmãzinhas da Cruz,
que servem aos mais pobres e desvalidos, facilitaram-nos a entrada nos
mistérios da gloriosa Cruz de Cristo, que encerra a verdadeira sabedoria de
Deus, aquela que julga o mundo e quantos se crêem sábios (cf. 1Cor 1, 17-19).
Neste itinerário para o Calvário, ajudou-nos também a contemplação destas
imagens extraordinárias do patrimônio religioso das dioceses espanholas. São
imagens onde se harmonizam a fé e a arte para chegar ao coração do homem e
convidá-lo à conversão. Quando é límpido e autêntico o olhar da fé, a beleza
coloca-se ao seu serviço e é capaz de representar os mistérios da nossa
salvação a ponto de nos tocar profundamente e transformar o nosso coração, como
sucedeu a Santa Teresa de Ávila ao contemplar uma imagem de Cristo coberto de
chagas (cf. Livro da Vida, 9, 1).
À medida que íamos avançando com Jesus até chegar ao cimo da
sua entrega no Calvário, vinham-nos à mente as palavras de São Paulo: «Cristo
amou-me e a Si mesmo Se entregou por mim» (Gl 2, 20). À vista de um amor assim
desinteressado, cheios de admiração e reconhecimento perguntamo-nos agora: Que
havemos nós de fazer por Ele? Que resposta Lhe daremos? São João no-lo diz
claramente: “Foi com isto que conhecemos o amor: Ele, Jesus, deu a sua vida por
nós; assim também nós devemos dar a vida pelos nossos irmãos” (1Jo 3, 16). A
paixão de Cristo incita-nos a carregar sobre os nossos ombros o sofrimento do
mundo, com a certeza de que Deus não é alguém distante ou alheio ao homem e às
suas vicissitudes; pelo contrário, fez-Se um de nós “para poder padecer com o
homem, de modo muito real, na carne e no sangue […]. A partir de lá entrou em
todo o sofrimento humano alguém que partilha o sofrimento e a sua suportação; a
partir de lá propaga-se em todo o sofrimento a con-solatio, a consolação do
amor solidário de Deus, surgindo assim a estrela da esperança” (Spe salvi, 39).
Queridos jovens, que o amor de Cristo por nós aumente a
vossa alegria e vos anime a permanecer junto dos menos favorecidos. Vós que
sois tão sensíveis à ideia de partilhar a vida com os outros, não passeis ao
largo quando virdes o sofrimento humano, pois é aí que Deus vos espera para
dardes o melhor de vós mesmos: a vossa capacidade de amar e de vos
compadecerdes. As diversas formas de sofrimento, que foram desfilando diante
dos nossos olhos ao longo da Via-Sacra, são apelos do Senhor para edificarmos
as nossas vidas seguindo os seus passos e para nos tornarmos sinais do seu
conforto e salvação. “Sofrer com o outro, pelos outros; sofrer por amor da
verdade e da justiça; sofrer por causa do amor e para se tornar uma pessoa que
ama verdadeiramente: estes são elementos fundamentais de humanidade, o seu
abandono destruiria o mesmo homem” (Ibid., 39).
Oxalá saibamos acolher estas lições e pô-las em prática. Com
tal finalidade, olhemos para Cristo, suspenso no duro madeiro, e peçamos-Lhe
que nos ensine esta misteriosa sabedoria da cruz, graças à qual vive o homem. A
cruz não foi o desfecho de um fracasso, mas o modo de exprimir a entrega
amorosa que vai até à doação máxima da própria vida. O Pai quis amar os homens
no abraço do seu Filho crucificado por amor. Na sua forma e significado, a cruz
representa esse amor do Pai e de Cristo pelos homens. Nela reconhecemos o ícone
do amor supremo, onde aprendemos a amar o que Deus ama e como Ele o faz: esta é
a Boa Nova que devolve a esperança ao mundo.
Voltemos agora os nossos olhos para a Virgem Maria, que nos
foi entregue por Mãe no Calvário, e supliquemos-Lhe que nos apoie com a sua
amorosa proteção no caminho da vida, particularmente quando passarmos pela
noite da dor, para conseguirmos permanecer como Ela firmes ao pé da cruz. Muito
obrigado.
Fonte: RCC Brasil
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