POR QUE NÃO COMEÇAR A SER?
Por Diácono Júlio Ferreira, SCJ.
“Por que não começar a ser o que seremos?” São Cipriano de
Cartago.
Olá amigos do CommunioSCJ, que alegria escrever a mensagem
desta semana. Estamos meditando sobre a vida de São Cipriano de Cartago, Bispo
e Mártir. Particularmente é um dos santos que eu mais amo, pois o lema da minha
vida é a sua frase, que interroga: “Por que não começar a ser o que
seremos?”.
São João da Cruz diz que: “O que Deus pretende é fazer
nos deuses, não por essência, mas por participação”. (SÃO JOÃO DA CRUZ, Obras
Completas, ditos de Luz e Amor, 105). A Santíssima Trindade sempre quer
divinizar o ser humano. A Trindade é Una e Trina, é Deus em três pessoas. E sua
relação Trinitária é amorosa. Este amor, que é amor-Ágape, amor doação, não
consegue ficar somente imanente, mas, transborda saindo de si mesma. O objetivo
da Trindade é divinizar o ser humano, com um fogo que transforma tudo em fogo. Divinizados
(Théosis) é o que nós seremos.
“Logos-Cristo precisava tornar-se humano, sobretudo para,
como mestre, dar aos seres humanos ‘sua aula celestial’ sobre o amor (Clemente
Propt 11, 114, 4). Neste sentido também o motivo da troca, oriundo de Ireneu, é
transformado: ‘O Logos tornou-se ser humano para que aprendais de um ser humano
como o ser humano pode tornar-se divino”.(HAMMAN, 1980, p.18).
Seremos deuses por participação! Entrementes, por que não
começar já, se nossa meta é sermos deuses?
Nesta afirmação está tudo
justificado. Começamos a ser o que seremos, é o caminho, o scopo. Por
isso, que observamos os mandamentos da Igreja, rezamos, confessamos, comungamos,
amamos e fazemos tudo para começar a ser o que seremos. A Igreja e os seus
sacramentos é itinerário salvífico para todo o ser humano. É caminho de
divinização.
A razão da nossa esperança e da nossa fé está na meta.
Começamos a viver com os olhos no céu, na eternidade. Como o ser de Cristo
estava voltado constantemente para Sua hora, para a Sua meta. Nossa hora é o
céu, é a eternidade! Estamos voltados para essa última hora, que é o anseio, o
desejo mais profundo do nosso ser; de participar da vida Trinitária. Domingo
que vem é a solenidade da Ascensão do Senhor, que é a nossa humanidade
divinizada em Cristo no seio da Trindade.
Ser Deus é sinergia, graça e busca. Quando encontramos “aquele
que o nosso coração ama” (Ct 3,4) queremos ser semelhantes a Ele e fazer
de tudo para isso. Por isso, “torna-te aquilo que tu eras e serás”, comece
a ser o que você será. Por que não? Já que somos atraídos para este Télos
– meta. Comecemos agora!
Seguramente não existe melhor condição do que essa: ser
igual a Deus. Eu quero!
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
HAMMAN, A. Os Padres da Igreja. [tradução: Ir.
Isabel Fontes Leal Ferreira]. São Paulo: Paulinas, 1980.
JOÃO DA CRUZ. Obras completas. Petrópolis: vozes, 2002.
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